.:: Um Músico, Um Mecenas | José Carlos Araújo | |||
Sábado, 4 de Novembro de 2017 // 18:00 h |
A edição 2017 do ciclo "Um Músico, Um Mecenas" prossegue com José Carlos Araújo, que interpreta música portuguesa do século XVIII no cravo Antunes de 1758, instrumento histórico da coleção do Museu Nacional da Música classificado como Tesouro Nacional. A entrada é livre.
Estava previsto que o presente recital fosse realizado com recurso a um outro cravo Antunes da coleção do Museu, datado de 1789. No entanto, o processo de restauro do instrumento referido encontra-se ainda a decorrer, razão pela qual o concerto será realizado com o cravo de 1758. A data do recital com o instrumento de 1789 será anunciada em breve.
Na exposição permanente do Museu Nacional da Música encontra-se um exemplar único de um cravo construído por Joaquim José Antunes em 1758. É uma das peças mais valiosas da colecção, deixando reconhecer uma forte e bem estabelecida tradição de artesanato musical com orientações próprias. As suas características históricas e organológicas fazem dele um exemplar único no conjunto patrimonial do país e importante no âmbito internacional.
Sendo um dos poucos exemplares sobreviventes da escola portuguesa de construção de cravos, de meados de setecentos, é de extrema importância para a reconstituição da autêntica sonoridade da música cravística pré-barroca e barroca, produzida em Portugal por compositores como Domenico Scarlatti ou Carlos Seixas. Por todos estes motivos, mas também porque se encontra em óptimas condições, tem atraído a atenção de músicos e organólogos de todo o mundo. Assim sendo, as ocasiões em que é tocado publicamente são sempre oportunidades a não perder para quem gosta de música.
Joaquim José Antunes, oriundo de uma família de construtores de instrumentos de tecla, que se manteve activa em Lisboa durante três gerações, foi um dos mais importantes construtores portugueses de cravos do século XVIII. A julgar pelos instrumentos sobreviventes, Joaquim José foi provavelmente o membro mais notável da sua família, não se sabendo muito mais sobre a sua vida.
Deste construtor, assinado com o seu nome completo, é conhecido apenas mais um cravo, datado de 1785, que integrou a colecção de instrumentos musicais Finchcocks em Kent (Inglaterra) e que, em 2016, foi vendido a um privado.
JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Apontado como «um dos mais importantes intérpretes portugueses da actualidade» (Jornal de Letras), José Carlos Araújo tem desenvolvido o seu trabalho sobretudo em torno da música para tecla de autores ibéricos do período barroco e, muito particularmente, da obra de Carlos Seixas.
Em Lisboa, estudou instrumentos históricos de tecla e interpretação de música antiga. Desde cedo influenciado pelas perspetivas interpretativas reveladas por Cremilde Rosado Fernandes e José Luis González Uriol, a oportunidade de trabalhar, mais tarde, com ambos estes mestres viria a informar de forma muito acentuada a sua conceção e abordagem aos repertórios para instrumentos de tecla do Sul da Europa.
A parte mais importante da atividade artística de José Carlos Araújo consiste em recitais a solo, quer em órgãos históricos, quer em cravo, clavicórdio e pianoforte, dedicando-se frequentemente a repertórios raramente explorados dos séculos XVII e XVIII e a instrumentos históricos particularmente significativos, alguns dos quais veio a gravar em CD.
Colaborou com o Teatro da Cornucópia para a produção de “A Tempestade” de Shakespeare assinada por Luís Miguel Cintra e Cristina Reis, em 2009. Apresentou-se com numerosos solistas vocais e instrumentais, orquestras e agrupamentos modernos, como Alma Mater, o Coro Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Orquestra Metropolitana de Lisboa, sendo, todavia, com a orquestra barroca Divino Sospiro que tem vindo a trabalhar mais intensamente. Com este agrupamento, sob a direção de Massimo Mazzeo, gravou as “Siete Palabras de Cristo en la Cruz” de García Fajer e o “Stabat Mater” de José Joaquim dos Santos para a editora Glossa.
José Carlos Araújo dedicou-se ainda ocasionalmente à música para órgão e cravo de autores do séc. XX, em particular Luiz de Freitas Branco, Armando José Fernandes e Clotilde Rosa, que tocou com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e o Ensemble MPMP.
Gravou para a RTP e para a Antena 2. Em 2004, foram-lhe atribuídos o Primeiro Prémio e o Prémio do Público no concurso Carlos Seixas, pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Inaugurou o selo discográfico Melographia Portugueza (MPMP) em 2012, com os primeiros CDs da primeira gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas. Deste projeto estão já disponíveis 7 CDs, gravados em instrumentos históricos, alguns dos quais em estreia discográfica.
Licenciou-se pela Faculdade de Letras de Lisboa, onde estudou Filologia Clássica. É atualmente investigador do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, onde tem vindo a trabalhar na primeira tradução em português das “Epistulae” de Plínio e, em parceria, dos “Facta et Dicta Memorabilia” de Valério Máximo e das “Vitae Philosophorum” de Diógenes Laércio. Publicou estudos sobre Filologia Clássica e apresentou comunicações a congressos de Estudos Clássicos e Comparatistas. Colabora regularmente em Euphrosyne – Revista de Filologia Clássica.
Carlos Seixas (1704-1742)
Fr. Jacinto do Sacramento (1712-?)
Fr. Manuel de Santo Elias (fl. 1765)
Francisco Xavier Baptista (?-1797)
(intervalo)
Fr. Jacinto do Sacramento
José Joaquim dos Santos (1747-1801)
Pedro António Avondano (1714-1782)
Francisco Xavier Baptista
SOBRE O CICLO “UM MÚSICO, UM MECENAS”
“Um Músico, Um Mecenas” é um ciclo de concertos de entrada livre organizado pelo Museu Nacional da Música e que tem como objetivo divulgar o importante acervo do Museu, dando voz a tesouros nacionais e instrumentos de valor histórico único da sua coleção, considerada uma das mais ricas da Europa.
Os concertos deste ciclo são autênticas viagens a este espólio, conduzidas por grandes intérpretes nacionais e internacionais, que dão a conhecer os instrumentos através de concertos comentados e de uma contextualização histórica estendida, muitas vezes, ao repertório escolhido.
A interpretação, a necessária manutenção dos instrumentos musicais e a comunicação da história de cada um deles são fatores intimamente ligados e que resultam numa ação concertada entre o Museu Nacional da Música e os Mecenas do ciclo (músicos, construtores / restauradores e outros parceiros).
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